segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Como essa paixão começou


Tinha uns 14 anos, e até então nunca tinha me ligado muito em prestar atenção em música, até por que a cultura musical que eu tinha  era das rádios de música brega que a empregada ouvia, Barros de Alencar, rádio América (aquele jingle deles nunca saiu da minha cabeça...améééérica...trimmm...coisa mais chata),  e aqueles raros shows que tinham antigamente, Queen no Morumbi, Peter Frampton, Alice Cooper, Kiss...uma referência bem arcaica do que seria rock. Quando vinha uma banda dessas pro Brasil, era motivo de cobertura jornalística intensa no Jornal Nacional! Até o dia que fui para o primeiro colegial (faz tanto tempo que já até mudou de nome) e vi um sujeito, um japonês com uma camisa preta escrito AC/DC.  O cara era quietão demais,  cara de poucos amigos, e eu fiquei com vergonha de perguntar o que seria aquela sigla. Daí todo dia ele vinha com uma camiseta diferente: Iron Maiden, Scorpions, Black Sabbath, Led Zeppelin...e aquilo foi me chamando a atenção.  Fui fazendo amizade com o cara, que era gente boa demais (tb, se gostava de rock, só podia ser gente boa) até o dia que ele veio de novo com a camiseta do AC/DC e eu perguntei o que era aquilo. Bicho, o cara se empolgou de tal maneira, que me fez uma explanação completa e me disse quem eram Angus Young e Bon Scott! Pô, legal, mas até então, nunca tinha ouvido o som dos caras. Molecada que tá lendo isso,  naquela época o negócio era FODA,  hoje em dia você vai no Youtube e sabe quem é a banda, nome dos integrantes, data de nascimento, RG,CPF, endereço telefone e o escambau...quer mostrar uma banda nova pra um amigo, carrega no celular, ou acessa o youtube pelo 3G e bota pro cara ouvir. Naquela época, mal existiam walkmans, daqueles de fita cassete. A coisa era sofrida demais, depois vou relatar as várias histórias, das acrobacias que a gente fazia pra arrumar uma gravação. Torrent, megaupload? Era na unha mesmo, e suando sangue!
Então, voltando a história de como tudo começou, um dia ele me levou pra conhecer uma loja de discos chamada Woodstock, lá no centro de São Paulo, na rua Dr. Falcão, estação Anhangabau do metrô.  Fui lá, a loja era pequena, devia ter uns 30 m²,  e o proprietário Walcir Chalas, uma figuraça, esse cara virou uma lenda do heavy metal no Brasil naqueles anos 80. Até programa de rádio ele fez, na extinta 89 fm, que só tocava rock. O nome do programa era Comando Metal, e ia ao ar aos domingos, se não me engano das 22 hs a meia noite. Ouvia todo domingo.
Então,  na minha primeira vez na Woodstock, vi aquele mundo de LPs, aquelas capas fantásticas, fiquei maluco! Daí vocês já sabem, moleque, não trabalhava, dinheiro pouco que a mãe deu, economizei muito pra ir lá e poder comprar um disco. Escolhi, escolhi e acabei comprando Killers, do Iron Maiden. Confesso que nunca tinha nem ouvido falar de Iron Maiden, muito menos ouvido alguma música deles, e acabei comprando por que achei aquele desenho do Eddie muito loco mesmo!  Se não gostasse do som, pelo menos ia gostar da capa, hahahaha. Fui pra casa com o bolachão debaixo do braço, cheguei e já fui colocar pra ouvir no 3 em 1 da National. 
Como não conhecia nenhuma música, então ia ouvir da primeira faixa mesmo. “The Ides of March”...quando as primeiras notas tocaram, formando aquele riff, eu posso dizer: FUDEU! Cara, que música da pôrra! Digo FUDEU, por que daí pra frente minha vida foi tocada ao ritmo do rock e do heavy metal! Essa foi a música que marcou e colocou de vez o rock na minha veia! E nessa já se passaram 32 anos...talvez esse cara nem imagine que me influenciou tanto assim, nunca mais o vi depois desse ano, mudei de escola e perdemos o contato. Quem sabe um dia eu encontre ele de novo.  E assim como ele, eu sei que também influenciei muita gente a gostar do bom e velho  rock and roll!

Um comentário:

Unknown disse...

História muito legal. Resgata a memória.
Tive um 3 em 1 destes também pra ouvir meus rocks.