Chegou o dia, 11 de janeiro de 1985. Acordamos, tomamos café
e um amigo do Camilo ia com a gente. Pensei, ainda bem por que não conhecemos
pôrra nenhuma aqui do Rio! Lá pelas tantas, chega o cara: Marcão! Bicho era uma
figuraça, cara tipo meigo sabe, meigordinho, sotaque carioca carregado, e
sempre fazia questão de dizer que era de Bangu, não sei porque? De Bangu só
conhecia o time, mais nada. Hoje em dia eu sei que é um dos melhores climas do
Rio de Janeiro, agradável, clima ameno, dizem que é um rascunho do inferno de
tão quente que é lá. Mas voltando, os portões abriam ao meio dia. Não tinha nem
idéia de onde era Jacarepaguá, muito menos como ia pra lá de busão, nem quanto tempo isso ia levar de viagem. Mas o Marcão
disse que se saíssemos de lá umas 14 hs, chegaríamos tranquilo lá. Então
beleza, Marcão de Bangu falou, tá falado! Pegamos o ônibus, um calor dos
infernos, e fomos indo, andamos, chacoalhamos, e nada de chegar nesse lugar. Sei
que quando a gente estava na Barra da Tijuca, o Marcão teve a ideia de ir
visitar um tio dele! “Meu tio mora aqui no Barramares, vamos lá visitar ele!”...vamos
né, fazer o que não tinha outra escolha.
Descemos do busão e fomos ao condomínio:
Bicho, me senti o verdadeiro caipira da roça quando vi aquilo! Nunca tinha
visto um condomínio daqueles, parecia uma cidade, tinha de tudo lá dentro,
padaria, mercado, escola, posto de gasolina, uma coisa monstruosa. E era de
alto padrão mesmo, coisa de gente rica!
Daí a gente andando, chegamos na portaria e o Marcão
pergunta sobre o tio dele. Ele não estava lógico, devia estar trabalhando pra poder
manter tudo aquilo. Eu sei que não sei como, o Marcão convenceu o porteiro a
deixar a gente entrar! Daí eu falei, mas se teu tio não tá aí, o que a gente vai
fazer aí na casa dele? E o Marcão disse que ia levar a gente pra conhecer o
apartamento. Chegando lá, até hoje não sei como nem por que, a porta tava
destrancada (as vezes eu acho que ele arrombou aquela merda, hahahahahaha) um
puta apartamentão, não tinha ninguém lá dentro, tomamos whisky, cerveja,
comemos, fizemos um estrago. Tá certo que eu tava me cagando de medo de chegar
alguém e pegar a gente naquela situação de invasor, mas eu tava mais era me
lixando mesmo, depois de uns goró na cabeça a gente perde a noção do perigo,
hahahahahaha...sei que saímos de lá inocentes de tudo, alimentados, relaxados
com a bebida e prosseguimos nossa viagem rumo a Cidade do Rock.
Só sei que saímos de Copacabana as 14 hs e fomos chegar em Jacarepaguá
já eram umas 18 hs, longe pra dedéu o lugar!
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